domingo, 15 de junho de 2014

Copa 2014

Aprendi a apreciar o esporte bretão com meu pai, ainda menina. Os jogos só aconteciam aos domingos e eram narrados por locutores que falavam sem parar narrando gols, faltas, escanteios. Muitos termos eram falados em inglês, desde a posição dos jogadores, como as jogadas. Um dos que gravei foi “corner” – escanteio. Papai, pacientemente, me explicava as jogadas e me dizia dos times. Ele era palmeirense, mas no vilarejo onde morávamos não tinha luz elétrica e o nosso rádio era à pilha – uma enorme pilha da marca Everead, a pilha do gato – e só conseguíamos sintonizar as emissoras – estações de rádio – do Rio de Janeiro. Num certo domingo, ligamos o aparelho na Rádio Nacional, e o jogo Flamengo X Bangu seria narrado pelo locutor Jorge Curi. O Flamengo já era um dos melhores, e o Bangu, pobrezinho, fraquinho. Papai logo foi dizendo que torceria pelo Bangu, pois precisava de força, e eu já me simpatizei pelo Flamengo. Quando eu tinha doze anos, a Copa do Mundo aconteceu aqui no Brasil. Ouvimos todos os jogos e torcemos muito por nossos craques. Mas... que pena, na final, perdemos do Uruguai de 2 X 1. Que tristeza! Papai, consternado, nos contagiou. Até hoje guardo o nome de um dos jogadores adversários – Obdúlio Varela – e não me esqueço daquele dia. Hoje, sessenta e quatro anos depois, continuo apreciando o ludopódio – jogo com os pés – assistindo aos campeonatos e torcendo pelo Timão. E a Copa novamente acontece aqui, apesar das “muitas e ruins” acontecendo pelo meu Brasil varonil; e as lembranças me voltam com muito mais intensidade. Sofri muito na partida de abertura desse campeonato maior. O Brasil, meio que titubeante, começou perdendo da Croácia, mas o coração dos craques bateu mais forte e ganhamos de três a um com dois gols do Neymar e um do Oscar – que gracinha – e as grandes tiradas do Davi Luiz Neste momento, domingo, quatorze de junho de dois mil e quatorze, assisto pela telinha, Colômbia 1 X Grécia 0. O juiz encerra o primeiro tempo da partida. Espero sofrer bastante até o sétimo jogo, até a última jogada. E que venha o HEXA!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Cidinha, suas memórias contadas com graça e simplicidade são deliciosas. Eu, que aprendi a entender e a gostar de futebol também através do rádio, me senti lá no seu vilarejo, ouvindo Jorge Curi.
O mais legal do rádio é que a gente tem que construir, na nossa cabeça, todo o cenário do jogo, temos que dar uma face ao jogador mesmo sem nunca tê-lo visto, temos que imaginar as jogadas. Ouvir jogos pelo rádio era um exercício de criação e havia muito suspense e aflição até o louuucutor concluir sua narração.
Apaixonante viajar em suas memórias.

João