quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O JARDIM DOS MANACÁS
Onze e trinta da manhã, vinte e quatro de janeiro de dois mil e dez. domingão! Mal acabamos de tomar o delicioso sorvete do Rocha, em Boissucanga e já estamos subindo a serra, no confortável Eco Sport, rumo a São Paulo. Que pena! Que penaa! O mar estava maravilhoso, apesar do sol ter dado umas furadas. Após alguns cinqüenta quilômetros, adentramos a Mogi-Bertioga. Nesse momento mágico mergulhamos no imenso jardim dos manacás. Lindo como nunca tínhamos visto antes! O sentimento de tristeza vai, aos poucos se esvaindo e dando lugar a sensação de estar no éden, no paraíso das delícias visuais. A vasta alameda de manacás permanece até o termino da rodovia. Apenas a estrada cortando a não mais tão imensa Mata Atlântica. Vamos percorrendo o belo trecho numa grande paz. Não há quase movimento nenhum e podemos seguir com calma e tranqüilidade. Vamos nos integrando nesse mar de belezas verdejantes. Ficamos a imaginar a perfeição Divina, com Suas mãos invisíveis, semeando, cuidadosamente, uma a uma, as sementes selecionadas, a cada entremeio das milhares de árvores... Selecionadas, sim, de tal forma que o colorido das flores vai num degradê do violeta ao branco. Será que todos percebem essa beleza ? Mas... cada um é um e cada qual vê o que quer e como quer.Estamos indo rumo a civilização. Civilização? Que paradoxo! À medida que esse lindo jardim vai ficando para traz, a estrada se alarga. Vem-nos à mente a dor de cada árvore ceifada, de cada manacá derrubado insensivelmente pelo ser inteligente do planeta: o homem. E tudo para o progresso ....O cenário agora é outro; casas comerciais vão surgindo, residências, revendedoras de carros, outdoors... O verde vai cedendo seu lugar para o tristonho cinza... Será que estamos progredindo ou regredindo? Será que o ar puro da mata é menos importante que o ar poluído dessa tão falada civilização? O ruído irritante da cidade deve substituir o suave som das folhas farfalhando ao vento? O canto mavioso dos pássaros perde seu valor para o toque das buzinas e sirenes cortando as ruas movimentadas? Ah! Que vontade de voltar, ficar pertinho da mata, do imenso jardim dos manacás, do mar, ouvindo apenas o que queremos ouvir, o ruído bom, o ruído primitivo, que em nosso inconsciente profundo ainda está latente, latejante:- o ruído dos antepassados.