segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Querido papai noel

Há quanto tempo não nos vemos, não é mesmo? Sua lembrança vem de longe...de quando eu ainda era pequena, lá pelos idos anos quarenta, no século passado... Você nunca era visto; vinha em horas em que me distraia e meu presente sempre estava lá, mesmo que a situação financeira não fosse lá aquelas coisas. Meu pedido era atendido. No dia de Natal era só procurar debaixo da cama ou sob o travesseiro. Certa vez pedi uma boneca grande, que parecesse um nenê de verdade. Quando a encontrei, feliz da vida, corri para a porta a ver se o senhor ainda estava por ali. Que engraçado... há poucos metros de casa ia um andarilho esfarrapado, barbudo, descalço. Levava às costas um saco de estopa. Mamãe logo disse que era o Papai Noel. Acreditei, mesmo porque naqueles tempos não havia televisão ou qualquer outro tipo de comunicação, principalmente na cidadezinha onde morava. De verdade , eu não sabia como você era. Anos mais tarde, ao visitar uma tia que havia nos convidado para passar o Natal em sua casa, na cidade vizinha, meus pais me levaram para ver uma loja de brinquedos – Casa das Novidades - que ficava aberta a noite. Em meio a caixas de presentes, lá estava você, impaciente e chutando algumas delas. Todo de vermelho era muito bonito, mas fiquei decepcionada com sua conduta. Até você não era perfeito como eu imaginava. Também, devia estar aflito,pois tinha ainda que entregar tantos presentes... Bem depois, descobri que aquele não era você. Estava representando o seu papel para ganhar alguns caraminguás. Devia estar com sono, querendo ir dormir em sua casa. Quando completei nove anos fui passar o Natal na casa da tia Adélia. Aproveitando minha curiosidade, calmamente, com seu jeitinho especial, ela me explicou que o Papai Noel era uma lenda e quem me presenteava era você, meu pai. Mas eu tinha que guardar segredo pois meus irmãos ainda acreditavam na sua existência. Não fiquei triste. Ao contrário, fiquei muito feliz. Em todos os Natais de minha vida você esteve presente, dando presentes. Até que se foi, num dia sete de dezembro, pouco antes da festa natalina. Porém, antes de partir me deixou a incumbência de substituí-lo. Mesmo tristes, na nossa confraternização costumeira, antes da ceia, todos recebemos presentes do Papai Noel:- filhos, netos, noras e genros. Mais um Natal se aproxima; o coração confrange, aperta, dói. Não terei sua presença física, mas sei que estará aqui, com certeza. De onde você estiver terá permissão para dar uma passadinha rápida, deixando o presente de sua presença. Papai Noel existe, sim. É você, meu pai. E como desempenhou bem esse papel!

Um comentário:

Anônimo disse...

Cidinha
Boa-tarde

Muito linda sua historia, o mais importante na vida não é o presente e sim a presença!

Feliz Natal e um ano novo com tudo de bom.

ABRAÇOS DO KLEBER, ROSANE, JUNIA E JOICE